No Natal reconhecer no próximo o
rosto de Deus feito homem, exorta o Papa
Em sua catequese da audiência geral desta
quarta-feira com a participação de milhares de fiéis presentes na Praça de São
Pedro, o Papa alentou a reconhecer no próximo, especialmente naqueles mais
frágeis e marginalizados, a imagem de Deus feito homem para que nós possamos
ser também uma prolongação da luz de Jesus.
A seguir a Catequese na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs bom dia,
Este nosso encontro se desenvolve no
clima espiritual do Advento, tornado ainda mais intenso pela Novena do Santo Natal, que estamos vivendo nestes dias e que noz conduz às festas
natalícias. Por isso, hoje gostaria de refletir convosco sobre o Natal de
Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o
pessimismo.
E a razão da nossa esperança é esta:
Deus está conosco e confia ainda em nós. É generoso este Deus Pai! Ele vem
morar com os homens, escolhe a terra como sua morada para estar junto ao homem
e fazer-se encontrar lá onde o homem passa os seus dias na alegria ou na dor.
Portanto, a terra não é mais somente um "vale de lágrimas", mas é o
lugar onde o próprio Deus colocou a sua tenda, é o lugar do encontro de Deus
com o homem, da solidariedade de Deus com os homens.
Deus quis partilhar a nossa condição
humana ao ponto de fazer-se uma só coisa conosco na pessoa de Jesus, que é
verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Mas há algo ainda mais surpreendente. A
presença de Deus em meio à humanidade não foi realizada de modo ideal, sereno,
mas neste mundo real, marcado por tantas coisas boas e ruins, marcado por
divisões, maldade, pobreza, prepotência e guerras.
Ele escolheu habitar a nossa história
assim como ela é, com todo o peso de seus limites e dos seus dramas. Assim
fazendo, demonstrou de modo insuperável a sua inclinação misericordiosa e
repleta de amor para com as criaturas humanas. Ele é o Deus-conosco; Jesus é
Deus-conosco. Vocês acreditam nisso? Façamos juntos esta profissão: Jesus é
Deus-conosco! Jesus é Deus-conosco desde sempre e para sempre conosco nos
nossos sofrimentos e nas dores da história. O Natal de Jesus é a manifestação
de que Deus colocou-se de uma vez por todas do lado do homem, para nos salvar,
para nos levantar do pó das nossas misérias, das nossas dificuldades, dos
nossos pecados.
Daqui vem o grande "presente"
do Menino de Belém: Ele nos traz uma energia espiritual, uma energia que nos
ajuda a não nos abatermos com os nossos cansaços, os nossos desesperos, as
nossas tristezas, porque é uma energia que aquece e transforma o coração. O
nascimento de Jesus, de fato, nos traz a bela notícia de que somos amados
imensamente e singularmente por Deus, e este amor não somente o faz conhecer,
mas o doa, comunica-o!
Da contemplação alegre do mistério do
Filho de Deus nascido por nós, podemos tirar duas considerações.
A primeira é que se no Natal Deus se
revela não como um que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele
que se rebaixa, vem à terra pequeno e pobre, significa que para sermos
similares a Ele nós não devemos nos colocar sobre os outros, mas antes
rebaixar-nos, colocarmo-nos a serviço, fazer-nos pequenos com os pequenos e
pobres com os pobres.
Mas é uma coisa ruim quando se vê um
cristão que não quer rebaixar-se, que não quer servir. Um cristão que se exibe
sempre é ruim: aquele não é cristão, aquele é pagão. O cristão serve,
rebaixa-se. Façamos com que estes nossos irmãos e irmãs não se sintam nunca
sozinhos!
A segunda conseqüência: se Deus, por
meio de Jesus, envolveu-se com o homem a ponto de tornar-se como um de nós,
quer dizer que qualquer coisa que fizermos a um irmão ou a uma irmã a teremos
feito a Ele. Recordou isso o próprio Jesus: quem tiver alimentado, acolhido,
visitado, amado um dos mais pequeninos e dos mais pobres entre os homens, terá
feito isso ao Filho de Deus.
Confiemo-nos à materna intercessão de
Maria, Mãe de Jesus e nossa, para que nos ajude neste Santo Natal, agora
próximo, a reconhecer na face do nosso próximo, especialmente das pessoas mais
frágeis e marginalizadas, a imagem do Filho de Deus feito homem.