quarta-feira, 5 de maio de 2010

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MARIA, MÃE DE JESUS

“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher...” (Gl 4,4)

Todo cristão recorda e ama a Virgem Maria. Porquê? Porque a ela, uma camponesa de um minúsculo povoado perdido chamado Nazaré, Deus escolheu e pediu permissão para que fosse sua Mãe. E ela – Maria – aceitou com a simplicidade dos humildes: “faça-se em mim segundo a sua Palavra.” E assim concebeu e deu à luz “por obra do Espírito Santo” aquele que é o Filho único de Deus e que é agora também o seu filho único, Jesus, o Emmanuel, o Deus conosco. Deus, pois, se fez homem em Maria. Por isso, Maria é a Mãe de Deus: “Ela torna-se Mãe de Deus, Mãe de Cristo histórico, no sim da anunciação, quando o Espírito Santo a cobre com sua sombra” (Puebla 287).
Maria foi a primeira a dizer sim numa entrega total, durante toda sua vida, à Palavra de Deus, à vontade de Deus. Sempre confiou em Deus. Manteve sempre viva sua fé, embora não tenha entendido completamente, no princípio, a mensagem de Deus.
Ela acreditava que aquele menino engendrado em seu ventre, que ela deu à luz, amamentou, viu crescer ante seus olhos, menino, adolescente, jovem, homem em tudo semelhante aos demais, era o filho de Deus, o Salvador. Quando Jesus foi rejeitado e perseguido pelas autoridades supremas de seu povo, Maria continuou crendo e se manteve firme e fiel ao pé da cruz, acreditando e esperando n’Ele, não obstante tudo aquilo parecesse carecer de sentido (Jo 19,25-27).
Tudo o que Maria é provém de Cristo. Cristo é o nosso único Salvador. Maria foi salva por Cristo mais do que ninguém, porque ela foi concebida sem o pecado original, isto é, foi liberada, desde o primeiro momento, da condição de pecadora a que estão sujeitas todos os seres humanos. Por isso, a chamamos Imaculada.
Maria, em corpo e alma, alcançou a plenitude a que todos fomos chamados. Nós a chamamos “cheia de graça” e “bendita entre as mulheres”. Tudo o que Maria é e tudo o que ela pode fazer por nossa salvação vem de Cristo e a Ele conduz.
Maria é nossa mãe e devemos amá-la filialmente e invocá-la com plena confiança em todas as nossas necessidades, segui-la em sua fidelidade de amor e entrega a Cristo, em sua cooperação ativa e criadora na obra de Cristo. Maria é para nós o modelo de doação exclusiva e Jesus: “toda de Cristo e, com Ele, toda servidora dos homens” (Puebla 294). Ela faz crescer em nós a presença salvadora de Jesus. Continua intercedendo pelos irmãos de seu Filho, por serem, também seus filhos. Que mãe não deseja que seus filhos vivam como irmãos?
Maria é a mulher do carpinteiro José, a pobre mulher de operário, desconhecida, apagada, mas justamente em seu apagamento, em sua humildade, considerada e escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador do mundo; não por causa de algum mérito humano, não por causa de sua piedade certamente grande, também não por causa de sua pequenez, mas exclusivamente, unicamente, porque a vontade graciosa de Deus ama, escolhe, engrandece o modesto, o apagado e o pequeno.
A vocação de Maria é prefigurada no Antigo Testamento. As mulheres estéreis concebem por intervenção de Deus, como sinal de que a obra salvadora que os filhos delas nascidos deverão realizar tem como autor apenas o Altissímo. São os casos de Sara e Ana. Porque para Deus nada é impossível. Sara, mulher de Abraão na velhice deu à luz Isaac. Ana, mulher de Elcana, estéril também, deu à luz ao profeta Samuel. Três mulheres se destacam no Antigo Testamento, por sua participação na formação do povo escolhido: Rute, Ester e Judite. As três são chamadas por iniciativa de Deus para realizar seu plano de salvação, como mediadoras. Cada uma delas colabora em diversos aspectos: Rute por sua maternidade, cuja raiz é a fé, dá origem à família de Davi; Ester e Judite libertam o povo de Deus em momentos de grave perigo, a primeira – Ester – mediante sua intercessão e a segunda – Judite – destruindo o líder do exército inimigo do povo de Deus.
No primeiro capítulo do Evangelho de Lucas, Isabel, parenta de Maria, está grávida de João Batista, ela que era considerada estéril. Na visitação de Maria “quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança exultou no seu ventre e ela ficou cheia do Espírito Santo.” De fato, Isabel foi a primeira a ouvir a voz, mas João Batista foi o primeiro a presentir a graça; Isabel ouviu segundo o ordem da natureza, João exultou em virtude do Mistério; Isabel percebeu a chegada de Maria, João a do Salvador; Isabel ouviu a voz da mulher, João presentiu a presença do Filho; Isabel e Maria proclamam a graça de Deus, João e Jesus realizam-na interiormente; e por um duplo milagre, as mães profetizam sob a inspiração de seus filhos.
O Magnificat em sua forma evangélica é a prova incontestável de que, a partir deste momento, Maria fazia parte da confissão de fé cristã, e ainda mais, que a piedade e devoção mariana haviam nascido.
O Magnificat representa a expressão lírica de uma alma que se sente comovida pela gratidão e pela admiração. As expressões são bíblicas: recordam-nos o epinicio de Débora e o cântico que Ana entoou após o nascimento de Samuel. O hino de Ana é um canto dos pobres que expressa a confissão de sua espernaça. Em seu cântico, Maria manifesta a ação de graças porque contempla a esperança israelita que Ana expressava, já realizada.
Mas o conteúdo do hino de Maria é novo. É um hino ao novo tempo, ao tempo da misericórdia e do amor, que se abre com o nascimento do Filho de Deus e cuja mãe é ela própria. Ao domínio da lei férrea, que tornava o poderoso mais poderoso, o rico mais rico e o soberbo mais soberbo, sucedia-se o triunfo daquele menino pobre que tinha no ventre e que, com a chegada do reino da graça, instaurava o império da justiça e da humildade, mediante a destruição dos tronos, da violência e do orgulho e fortalecia os débeis. Do princípio ao fim, o cântico de Maria apresenta-se-nos como um eco do texto sagrado. Tudo são contrastes naquelas palavras: humildade e grandeza, pequenez exaltada e orgulho abatido, fome saciada e saciedade faminta. E o mais desconcertante é a segurança daquela jovem pobre e pequena como uma escrava, mas que sabe que todos os povos hão de bendizer o seu nome. E as suas palavras cumpriram-se. Vinte séculos decorridos, milhões de vozes a invocam com amor, enquanto o nome de Herodes, o Grande, ao tempo senhor da Palestina, constitui hoje uma recordação morta, e poucos são os que conhecem o de Caio Júlio César, juiz do mundo de então.

Pe. Carlos Alberto Seixas de Aquino
Pároco da Paróquia N. Sra. de Fátima em Parnaíba

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