17 de Outubro - Santo Inácio de Antioquia
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Santo Inácio de Antioquia bispo e mártir (†107) |
SANTO DO DIA
Inácio, “o teóforo” (aquele que conduz a Deus, como ele
mesmo gostava de ser chamado), bispo do coração ardente (Inácio — Ignatius —
quer dizer precisamente “fogo”) —, ficou na memória dos cristãos de todos os
tempos por causa das inusitadas expressões de amor dirigidas a Cristo e à
Igreja, as quais se lêem nas cartas escritas durante a viagem que, de
Antioquia, devia levá-lo a Roma, para ser dado como pasto às feras — vítima
ilustre da perseguição de Trajano.
Inácio ocupava desde o ano 79 a sede episcopal de
Antioquia — a metrópole síria, terceira em ordem de grandeza no vasto Império
Romano —, e o historiador Eusébio de Cesaréia o tem na conta de sucessor
imediato de são Pedro.
Informa-nos de que “Inácio foi mandado da Síria a Roma
para ser lançado como alimento às feras, por causa do testemunho dado por ele
de Cristo. Realizando sua viagem pela Ásia, sob a custódia rígida de uma guarda
numerosa, nas cidades onde parava, ia consolidando as igrejas com pregações e
admoestações...”
De Esmirna, onde era bispo seu jovem amigo Policarpo,
escreveu às igrejas de Éfeso, Magnésia e Tralli, confiando as cartas aos
respectivos bispos — Onésimo, Dama e Políbio —, que haviam acorrido a fim de o
encontrar para uma última saudação.
Chegado a Trôade, Inácio escreveu outras cartas, entre
as quais uma a Policarpo, para confiar-lhe seus fiéis de Antioquia, a fim de
que a grei não ficasse muito tempo sem pastor: “Onde está o bispo, aí esteja a
comunidade, assim como onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja católica”.
Esta última expressão, destinada a passar para a
história, parece ter sido cunhada por ele, juntamente com a palavra
“cristianismo”.
A viagem, depois da travessia de Durazo a Bríndisi,
prosseguiu pela via Ápia até Roma, onde terminou seus dias no anfiteatro,
devorado pelas feras, apesar de a comunidade cristã ter-se empenhado em
poupar-lhe a pena capital. Mas ele desejava ardentemente o martírio: “Deixai-me
ser alimento das feras, pelas quais me será dado desfrutar Deus. Eu sou o trigo
de Deus: é preciso que ele seja triturado pelos dentes das feras a fim de ser
considerado puro pão de Cristo”.
Para não ser incômodo a ninguém, almejava encontrar
sepultura no ventre de alguma fera esfaimada.
É provável que os fiéis tenham
conseguido subtrair os restos de seu corpo martirizado até o extremo ultraje,
pois desde a Antiguidade os cristãos de Antioquia veneram seu sepulcro, situado
às portas da cidade, e celebram sua memória em 17 de outubro (dia adotado no
novo calendário em lugar de 1º de fevereiro).