Carta dos Bispos participantes do 13º Intereclesial de Comunidades Eclesiais de Base ao Povo de Deus
Irmãs e Irmãos,
“Vós sois o sal da terra (...) Vós
sois a luz do mundo” (Mt 5,13.14).
Nós, bispos
participantes do 13º Intereclesial de CEBs, em número de setenta e dois, como
pastores do Povo de Deus, dirigimos nossa palavra a vocês participantes das
Comunidades Eclesiais de Base com seus animadores e animadoras e demais irmãs e
irmãos que assumem ministérios e outras responsabilidades.
Em Juazeiro do Norte (CE), terra do Padre
Cícero Romão Batista, na centenária diocese de Crato, nos encontramos com
romeiros e romeiras, e com eles também nos fizemos romeiros do Reino.
Acolhemos com muita
a alegria a carta que o Papa Francisco enviou ao Bispo Diocesano D. Fernando
Pânico trazendo a mensagem aos participantes do 13º intereclesial das CEBs e
que foi lida na celebração de abertura.
Participamos das
conferências; dos testemunhos no Ginásio poli-esportivo, denominado Caldeirão
Beato José Lourenço; de debates e grupos em diversas escolas (ranchos e
chapéus) situadas em diversas áreas das cidades de Juazeiro e do Crato; das
visitas missionárias às famílias e a algumas instituições; da celebração em
memória dos profetas e mártires da fé, da vida, dos direitos humanos, da
justiça, da terra e das águas realizada no Horto onde se encontra a grande
estátua de Pe. Cícero comungando com a causa dos pobres: povos indígenas,
quilombolas, pescadores artesanais e demais sofredores e com a causa do
ecumenismo na promoção da cultura da vida e da paz, do encontro. Tivemos
também a grande alegria de participar da celebração eucarística de encerramento
na Basílica de Nossa Senhora das Dores quando todos os presentes foram enviados
para que no retorno às comunidades de origem possamos ser de fato sal da terra
e luz do mundo.
Estamos vendo como
as CEBs estando enraizadas na Palavra de Deus, aí encontram luzes para
levar adiante sua missão evangelizadora vivenciando o que nos pede a todos o
lema: “Justiça e Profecia a serviço da vida”. Desse modo, cada comunidade
eclesial vai sendo sal da terra e luz do mundo animando os seus participantes a
darem esse mesmo testemunho.
Muito nos
sensibilizaram os gritos dos excluídos que ecoaram neste 13º intereclesial:
gritos de mulheres e jovens que sofrem com a violência e de tantas pessoas que
sofrem as consequências do agronegócio, do desmatamento, da construção de
hidrelétricas, da mineração, das obras da copa do mundo, da seca prolongada no
nordeste, do tráfico humano, do trabalho escravo, das drogas, da falta de
planejamento urbano que beneficie os bairros pobres; de um atendimento digno
para a saúde...
Sabemos dos muitos
desafios que as comunidades enfrentam na área rural e nas áreas urbanas (centro
e periferias). Nossa palavra é de esperança e de ânimo junto às comunidades
eclesiais de base que, espalhadas por todo este Brasil, pelo continente
latino-americano e caribenho e demais continentes representados no encontro,
assumem a profecia e a luta por justiça a serviço da vida. Desejamos que sejam
de modo muito claro e ainda mais forte comunidades guiadas pela Palavra de
Deus, celebrantes do Mistério Pascal de Jesus Cristo, comunidades acolhedoras,
missionárias, atentas e abertas aos sinais da ação do Espírito de Deus,
samaritanas e solidárias.
Reconhecendo nas
CEBs o jeito antigo e novo da Igreja ser, muito nos alegraram os sinais de
profecia e de esperança presentes na Igreja e na sociedade, dos quais as CEBs
se fazem sujeito. Que não se cansem de ser rosto da Igreja acidentada, ferida e
enlameada por ter saído pelas estradas e não de uma Igreja enferma pelo
fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças, como nos exorta
o querido Papa Francisco (cf. EG 49).
Para tanto,
reafirmamos, junto às Cebs, nosso empenho e compromisso de acompanhar, formar e
contribuir na vivência de uma fé comprometida com a justiça e a profecia,
alimentada pela Palavra de Deus, pelos sacramentos, numa Igreja missionária
toda ministerial que valoriza e promove a vocação e a missão dos cristãos
leigos (as), na comunhão.
Com o coração cheio
de gratidão e esperança, imploramos proteção materna da Virgem Mãe das Dores e
das Alegrias.
Juazeiro do Norte, 11 de
janeiro de 2014, festa do Batismo do Senhor.