01.Nós, bispos católicos do Piauí, Regional Nordeste IV da CNBB, reunidos em
Aparecida–SP, no contexto da 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil, nos dirigimos ao Povo de Deus de nossas Igrejas Diocesanas e a todas as
pessoas de boa vontade para expressar nossas reflexões a respeito das eleições de
2014.
02. Reafirmando nossas declarações e pronunciamentos sobre os processos eleitorais de
2010 e de 2012, chamamos a atenção especialmente dos fiéis católicos sobre a
responsabilidade de cada um em participar de forma consciente e ativa na escolha
dos nossos representantes, valorizando a política como espaço privilegiado de exercício da
cidadania, da construção de consensos e de consolidação da democracia. Longe de
demonizar a política e o processo eleitoral, o cristão deve nele participar, como eleitores ou
como candidatos, apresentando propostas que visem a superação da exclusão social e das
situações de injustiças em vista da construção de uma sociedade democrática, justa e
solidária.
03. Estas eleições se revestem de um significado especial para a sociedade
brasileira, pois iremos eleger presidente da república, governador do estado, deputados e
senadores. Oportunidade que deve ser valorizada para debater os problemas regionais e a
partir deles pensar o estado e o país que queremos construir.
04. Entre as urgências do
nosso estado, destacamos a necessidade de políticas voltadas para a regionalização do
serviço público qualificado de saúde e de educação; escolas técnicas que atendam a
vocação de cada região e ensino superior de excelência com ofertas de vários cursos
que deem aos jovens alternativas de permanecerem em seus próprios locais de origem;
geração de oportunidades de trabalho e de renda capazes de evitar o êxodo juvenil;
segurança pública integradas com iniciativas que promovam a vida e a integridade,
especialmente, dos mais jovens e vulneráveis. Frente ao quadro cíclico de seca que assola
o semiárido piauiense, reafirmamos a urgência de estabelecer ações que possibilitem a
convivência com o semiárido com definição e aceleração de políticas institucionais
permanentes que garantam segurança hídrica e alimentar, incentivando o uso de
tecnologias adaptadas à realidade climática da região para captação, armazenamento
e distribuição das águas das chuvas.
05. Resgatando a mensagem advinda das ruas nas grandes
manifestações ocorridas no país em junho e em julho de 2013, é necessário levantar o
debate sobre a reforma política que mude o modo como são conduzidas as eleições
liberando-as da dominação do poder econômico que favorece a corrupção, esvazia a força
do voto e cria desigualdades de disputa nos pleitos eleitorais.
06. É importante assegurar,
através do voto, as conquistas sociais obtidas pelo nosso povo e apoiar candidatos com
ficha limpa, comprometidos com a ética, o direito, a justiça e com os anseios
populares de transformação social e das profundas desigualdades estruturais que
secularmente predominam em nossas regiões e em nosso país.
07. Conclamamos os cristãos a participarem com espírito evangélico da ação política,
evitando que essa se torne uma coisa “suja”, pois, como afirma o Papa Francisco,
“a política, tão desacreditada, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas
da caridade, porque busca o bem comum”. Por isso, cada um de nós deve se perguntar
o que pode fazer para contribuir no processo eleitoral e criar mecanismos de
acompanhamento que vão além das urnas exigindo dos eleitos que cumpram com
responsabilidade a representação que lhes fora delegada pelo povo.
08. Nessa hora tão importante na história do povo brasileiro, relembramos as palavras
do Papa Francisco, para que o Senhor “nos conceda mais políticos, que tenham
verdadeiramente a peito a sociedade, o povo, a vida dos pobres” e que, a partir de uma
abertura à transcendência, se forme uma nova mentalidade política e econômica que ajude
a superar a dicotomia absoluta entre a economia e o bem comum social.
Que Nossa Senhora Aparecida interceda por todo o povo do Piauí.